Na senda deixada por um Colheita Seleccionada Tinto da vindima 2010, com um verão tão ameno e de maturação fenólica lenta e íntegra, logo na vindima concentrei minha atenção para seleccionar uvas da Casta Viosinho, pela sua notável aptidão a vinificações em cuba e em barrica.
Para tal, do Douro Superior, fui buscar uvas a uma parcela recém-plantada no centro da aldeia da Horta do Douro. Vindimadas já com um teor elevado de açucares, contudo, com acertados teores de ácidos fixos, fermentei o mosto em inox até dois terços da fermentação, trasfegando-o para barrica de segundo ano, onde estagiou até um mês antes da elaboração do lote.
Daí advinha, aromaticamente, algo de "over-ripped", de alcoólico, que a battônage do estágio e a integração de notas tostadas da barrica o tornavam mais expressivo e elegante. Contudo, reforçando a máxima deste micro-projecto, haveria que ir buscar algo que contrabalançasse os excessos que o Douro Superior, por vezes, trás.
Então, já com vindima a decorrer, procurei Viosinho no Cima-Corgo. E foi perto da Quinta da Covada, onde vinifico. A Quinta da Chavelha, de um Tabuacense estranhamente apaixonado por Viticultura, que encontrei o perfeito contrabalanço de lote. Uvas em perfeito estado de maturação, seguiram para a antiga prensa que utilizo, de onde resultou mosto de tremendo equilíbrio açucares/ácidos que optei por vinificar e estagiar em cuba de aço inox, onde, em fase mais adiante, para equilibrar a explosão frutada originada por uma fermentação a baixas temperaturas, lhe acrescentei três aduelas de carvalho francês e battônage periódica.
Ao mercado apenas chegará após esta vindima criando um "pairing" perfeito com o Colheita Seleccionada Tinto 2010.